O diava quando ele me olhava daquele jeito. Eu sabia que coisa boa não viria, minha mãe tinha o hábito de dizer que as mulheres conseguem saber das coisas até mesmo pelo olhar daqueles que se manifestam, nunca contestei: ela sempre soube mais do que demonstrara. Agora, enquanto ele se põe nesse exercício de passar as mãos no rosto e desvia o olhar vazio da minha direção, eu sei, vai acontecer tudo de novo. Tudo aquilo que eu preferia que jamais acontecesse. Sei como vai ser, dirá que nós precisamos conversar, que só quer a minha felicidade e que sou especial; mas e daí? Afinal, não importa. Todo sol que invadir meu quarto vai mostrar que a meu lado, ninguém fizera companhia. E se fosse verdade tudo aquilo que eu bem sei que ele vai dizer, não precisaria curar a magoa só. A gente poderia concertar, poderia. Tudo bem, eu sei que fui implicante, ciumenta, sei que cobrei demais algumas vezes, mas... Ai, pronto ele vai falar! Pegou a minha mão com uma expressão de consolo, alisou-a ...