En la peluquería
No "sempre criar" fiz uma estatueta da Nossa Senhora Aparecida, do Sagrado Coração, de um Grego nu com um livro em punho e de alguns traumas em bronze na minha alma. Assim sou artista, sou traumatizada e tenho tarja preto para casos pequenos que mexem com minha calma, ficam sobre a geladeira com o guardanapo manchado de vinho. Homens não, faz tempo que não, sabe? Mesmo assim cozinho as batatas do rosto cosendo um colete pro moço chamado Armando, nova tentativa - tira-me o fôlego esse tal, constrangida mudo de cor e é vermelho o líquido que me irriga o corpo. Agora outro enfrentamento de meus receios com as práticas normais da vida humana, todo dia tenho três no mínimo: dizer bom dia ao chefe de pouca conversa e muita conserva, almoçar e aceitar carona da vizinha siliconada dona do jardim mais bonito da rua. Tenho me saído bem, mas tenho saído pouco. Dessa feita, sento com medo e vejo na parede penduradas tesouras de todo tipo e navalhas de bom fio, secadores de cabe...