Vai

“A quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério.” (Lya Luft)
Eu me arrependo, casei cedo demais. Nem imagino o que os homens tenham que os tornem tão diferentes depois de assumir um compromisso, é como se houvesse uma necessidade de externar as más qualidades, antes inexistentes. O nome dele é Jair, você sabe. É importante lembrar que eu o amo, entretanto é aquele tipo de homem deprimente que chega em casa do trabalho, coloca um calção vermelho, uma camiseta velha e a partir daí seus maiores esforços consistem em ligar a televisão, indagar se o jantar está pronto e roncar até o amanhecer. Pavoroso. Ontem pedi que ele levasse o lixo pra rua, resmungou um pouco, jogou a sacola na lixeira com desdenho, mas levou. Senti-me vitoriosa. O maior problema é que esses meus excessos de coragem não são constantes, a forma como ele age associada ao estresse acumulado do dia me dei...