Cristiano mora no segundo dos três andares daquele protótipo de prédio, e todo vizinho possui um cabo de vassoura como artigo de sobrevivência urbana. Cris tem um carrinho de rodinhas e quer brincar pelo espaço de sua casa, então se aproxima da parede e com os pés nela, flexiona as pernas para dar o impulso do passeio. Ele tem cor, diferente do cinza das pessoas sem brilho, cor que eu não tenho, mas pra mim tem tanta cor no mundo mesmo que não faz a menor diferença. O problema é que ninguém quer barulho, acho que essas pessoas todas tentam escutar aquilo que inutilmente seus interiores comunicam, mas não há diálogo e ai está todo o desencontro de personalidades, intelectuais conhecedores de cinco idiomas desconhecem a língua para tratar consigo mesmo. Dinâmicos e festejantes, Cris olha nos meus olhos e diz que aquele que nos vê agora não imagina nosso padecer passado. Foi o vizinho de cima que chegou a sua mãe e "ele vai ser um futuro bandido", ela chora, ajoelha e contrapõe aquela blasfêmia estúpida com a esperança de futuro. Por isso mesmo Cris trabalha digno agora, acorda cedo e não perde a hora, ainda lembra o episódio do qual ele aprendeu que a única coisa que não precisaria roubar ou pedir eram manifestações de discriminação ignorante. Cris sorri, resolve em si o ópio da madrugada nos vinte e tantos anos de uma marca que não dissipa.
amor imenso da minha vida infinita
"Eu me sinto superior contigo, não acima dos outros ou coisa do gênero, mas em um nível espiritual superior. Não é algo que provenha tão somente de ti isso, mas do fato de estarmos JUNTOS, entende?"
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